
nildo neto do zota educador musical
Visão Geral da Música Clássica
13-08-2011 16:11Música Clássica
Na verdade, música clássica é um termo que descreve um gênero musical que vai desde o ano 475 DC até os dias atuais. Música Medieval se refere a composições que vão do ano 475 até 1400. Música da Renascença ao tipo de música popular que vai de 1540 até 1600. O Período Barroco ocorreu no século 17 e foi seguido da era Clássica que durou entre 1730 e 1820. O termo música clássica Romântica se refere ao trabalho de compositores entre os anos de 1815 e 1910. A música clássica do Século 20 começou em 1900 e continuou até o ano 2000. Outro gênero desse tipo é a música clássica Contemporânea que começou em 1975 e vai até os dias atuais. Este último gênero sobrepõe-se a música clássica do Século 20.
Criando o seu repertório básico
Independente do seu objetivo, sela ele construir um repertório de conhecimento, ou criar uma biblioteca própria de música clássica, você precisará abordar essa tarefa sistematicamente. Uma das maneiras mais interessantes de se alcançar esse objetivo é dividir o processo em pequenos pedaços.
Ao estudar cada período musical e seu gênero correspondente, você poderá mais facilmente alcançar esse objetivo. Dentro de cada período, existem desenvolvimentos musicais específicos e normalmente existe uma ou duas obras musicais que exemplificam essa evolução. Além disso, existem compositores específicos cujas inspirações foram uma força determinante sobre as mudanças acontecendo na música como um todo. Enquanto você estiver construindo o seu repertório, você também deve considerar a evolução dos instrumentos através dos períodos musicais.
O Período Medieval: 476-1400
O Período Medieval da música clássica se refere à música que vai de 475 até 1400. A documentação sobre a música dessa época chegou ao dias de hoje através de fontes religiosas. Em conseqüência da falta de recursos e como, em grande parte, somente a igreja possuía arranjos musicais formais, a música popular desse período não é conhecida completamente.
O formato da Música Medieval era simples, e o principal exemplo é o Canto Gregoriano. Vozes se uniam e não existia nenhuma notação formal do ritmo. Na medida que esse período da musica clássica progrediu, a comunicação se tornou mais completa e, ao fim desse período, pode-se perceber o início das notações musicais a fim de indicar a harmonia e ritmo.
A instrumentação durante essa época era bem similar com a que encontramos na música moderna, mas obviamente os instrumentos em si eram bem mais primitivos. Cornetas eram feitas de osso ou marfim no lugar do metal, e eram mais retas ao invés de possuírem curvas, círculos e válvulas. Essas cornetas eram bem curtas, e os buracos para se criar notas musicais diferentes não apareceriam até o século 15.
As flautas eram feitas de madeira, e eram muitas vezes sopradas em uma das pontas ao invés do lado. A flauta doce permaneceu praticamente idêntica até os dias de hoje. Um instrumento muito popular na época medieval e que não é mais comumente visto na musica clássica atual é a flauta de Pã. Instrumentos de corda como o alaúde e o bandolim também eram comuns, assim como os precursores do órgão, violino, e trombone.
Durante esse período os trabalhos eram escritos em anônimo, por isso gravações de um compositor específico são raras. A Igreja Católica era a inspiração principal dos Cantos Gregorianos, e conseqüentemente você terá que olhar em fontes religiosas a fim de encontrar exemplos de música medieval. Principalmente Perotin e Leonin por volta de 1175, e Adam de la Halle e Franco de Cologne por volta de 1275. O ano de 1300 marcou o início da Ars Nova (Nova Arte) e a emergência de mais compositores: Philippe de Vitry, Guillaume de Machaut, Francesco Landini, e Jacopo de Bologna. Embora seja importante ter o conhecimento dos períodos precedentes, os trabalhos e compositores mais importantes apareceram após a era Medieval.
Renascença: 1400-1600
Na medida que o sistema de notação musical evoluiu, formas mais complicadas de composição se tornaram possíveis. A Renascença testemunhou o aumento da complexidade musical. A utilização de instrumentos aumentou, incluindo a introdução de instrumentos de baixo. Além disso, a emergência de linhas melódicas múltiplas adicionou novas dimensões ao som.
Missas e corais se tornaram populares nas músicas sagradas, fazendo com que alguns compositores religiosos começassem a usar o profano madrigal para seus próprios propósitos.
Em conseqüência da invenção da impressão e tipografia, formas musicais não religiosas desse período são mais facilmente exploradas. Estilos musicais que utilizavam somente as vozes eram populares, e surgiam no formato de um madrigal, chanson, ou frottola. Música puramente instrumental também existia e incluía as danças e bandas. Gêneros comuns nessa época são o prelúdio, toccata e allemande.
Instrumentações se tornaram mais predominantes e os instrumentos também aumentaram em complexidade. O cravo, gaita de foles e o dulcimer tiveram suas primeiras aparições durante esse período.
A comunidade musical foi liderada por pelo compositor Guillaume Dufay entre 1400 e 1467. Remanescentes do formato Medieval se misturaram com novas idéias a fim de criar um estilo florescente. A Música Clássica do meio desse período Renascentista é mais bem representada pelos trabalhos de Johannes Ockeghem e Jacob Obrecht cujos trabalhos refletem uma atenção profunda pelo detalhe – característica também muito presente nas pinturas desse período. Essa tendência foi quebrada em seguida pela simplificação que pode ser experimentada na música de Josquin dês Prez e G.P. Palenstrina. Entretanto, ao fim do século 16, a complexidade característica do estilo Barroco pode ser encontrada nos madrigais de Luzzaschi, Marenzio, e Gesualdo.
Barroco: 1600-1760
O Período Barroco foi marcado por uma ornamentação rica, complexidade e uma certa decadência de estilo. Isso se refletiu não somente na música clássica desse período, mas também na arquitetura e trabalhos artísticos visuais.
Durante a época Barroca, vemos e emergência de compositores famosos como J.S. Bach, Handel e Vivaldi. Qualquer coleção de música clássica deve possuir esses compositores tão importantes, e todos os estudantes de música clássica devem ter familiaridade com seus trabalhos. As Fugas de Bach, o Messias de Handel e as Quatro Estações de Vivaldi são trabalhos especialmente especiais e marcantes desse período.
A música clássica continuou evoluindo durante esse período e teve mudanças significativas em sua estrutura e forma. A teoria musical, tonalidade diatônica e vozes opostas se desenvolveram durante esse período. Esses são termos muito importantes na compreensão da música clássica.
Teoria Musical descreve os mecanismos que permitem uma construção musical. Com a adoção dessa teoria ocorreu uma formalização da notação musical e se estabeleceu um sistema que foi utilizado pelos compositores clássicos ocidentais. A tonalidade diatônica é parte da teoria musical que estabelece as escalas e acordes que são componentes importantíssimos da musica ocidental. Vozes e imitações opositivas fazem parte de um sistema musical que explora como as harmonias são criadas, e como os movimentos entre as diferentes linhas musicais que são a fundação dessas harmonias ocorrem.
Um trabalho que exemplifica esses desenvolvimentos musicais é O Cravo Bem Temperado de J.S. Bach. Esse trabalho é tão significante porque, a fim de criar uma quinta perfeita, que é fundamental para a criação de acordes com tonalidade diatônica, instrumentos tinham que ser afinados de maneira especial. A procura por essa tonalidade perfeita era um processo longo, tedioso e limitava as possibilidades da performance. Por fim, a quinta imperfeita foi aceita como parte do sistema musical. Assim, melodias e acordes começaram a se adaptar a esse fenômeno musical. O Cravo Bem Temperado foi escrito por Bach com o intuito de explorar os novos desenvolvimentos da teoria musical. Qualquer pessoa construindo uma biblioteca musical ou simplesmente estudando música clássica precisa estar familiarizada como esse trabalho tão importante.
Seguindo a evolução da teoria musical, a instrumentação também se tornou mais sofisticada e começou a ser criada a partir das propriedades exclusivas de cada instrumento. Além disso, ocorreu uma emergência de trabalhos especificamente dedicados aos teclados. Esses trabalhos foram escritos tanto para o entretenimento quanto para a instrução musical.
Esse período da musica clássica também introduziu gêneros musicais novos. A música vocal se expandiu do madrigal para a ópera e corais elaborados. Trabalhos instrumentais evoluíram e passaram a compreender concertos, sonatas e danças. Músicas sagradas se ramificaram em cantatas. As Fugas também ganharam muita popularidade graças ao trabalho pioneiro de Bach, A Arte da Fuga.
Período Clássico: 1730-1820
O período que se iniciou em meados do século dezoito é chamado de o Período Clássico da música clássica. A cultura em geral estava se modificando da complexidade decorativa do estilo Barroco em direção a modos de arquitetura, literatura, e arte que eram mais sofisticados, mas ao mesmo tempo mais simples. As mudanças também foram integradas ao formato musical e a linha melódica que passaram a ter, como fundação, acordes (homofonia) no lugar das harmonias (polifonia) estabelecidas através de camadas múltiplas de harmonia que permaneciam em constante movimento. Em conseqüência dessa mudança, uma atenção sobre a dinâmica da linha melódica se tornou importante na notação musical.
Esse período marca a ascensão das óperas cômicas. Outros desenvolvimentos no estilo musical incluem os contrastes dentro de um movimento ao invés de cada movimento sendo caracterizado por um tema simples.
Compositores importantes durante esse período incluem Haydn, Mozart e Gluck. Alguns estudiosos da música clássica consideram Beethoven um compositor da Era Clássica, enquanto outros o consideram um compositor da Era Romântica. De um jeito ou de outro, é importante notar que as contribuições dele estabeleceram as bases da era seguinte, a Romântica. Schubert é também descrito como um compositor entre as eras Clássica e Romântica.
Haydn estabeleceu a base para esse estilo musical em suas sinfonias criadas nos últimos anos da década de 1750. Ele compôs mais de quarenta sinfonias, e muitos compositores de seu tempo implementaram elementos encontrados em seu estilo.Um trabalho importante e que deve ser conhecido é A Sinfonia de Despedida n.45 em F#menor. O seu Opus 33 para um quarteto de cordas também exemplifica sua contribuição para as mudanças do formato musical.
Mozart se espelhou nesses conceitos e os aplicou em dois gêneros importante desse período: a ópera e o concerto virtuoso. Enquanto Haydn era primeiramente um músico da corte, Mozart procurava sucesso público. Ambos viveram na mesma época, tinham um respeito mútuo e trocavam correspondências um com o outro.
Ludwig Von Beethoven apareceu ao fim desse período ao levar esse estilo musical para a dimensão expressiva que viria a seguir, o Romantismo. As suas três sonatas para o piano o estabeleceram como uma força emergente. Algumas das mudanças mais sutis incluíram transformações melódicas, além de movimentos que passaram a ter durações mais longas.
Período Romântico: 1815-1910
O Período Romântico reflete as mudanças filosóficas e culturais desse período onde emoções ganharam muita importância. A música passou a ter uma qualidade narrativa em sua expressão a partir de um enfoque nas melodias e temas. Essa ênfase na melodia se deve ao desenvolvimento da forma cíclica que se tornou em um elemento fundamental na criação de trabalhos mais longos, tão marcantes nesse período. Outro desenvolvimento em forma se deu através da codificação de alguns formatos como a sonata. Além disso, essa sistematização também se desdobrou ainda mais sobre as composições e performances musicais.
Orquestras se tornaram maiores durante o Romantismo e a emergência do virtuoso representa um desenvolvimento interessante. Virtuosi eram populares e adquiriram liderança comparável aos compositores. Liszt foi um compositor e um pianista virtuoso muito popular na época.
Outros compositores que devem ser mencionados são Mendelson e Chopin – ambos criaram trabalhos de imenso valor bem no início de suas carreiras. Wagner é outro nome que uma pessoa deve definitivamente conhecer. Esse período presenciou a emergência da “Ópera Romântica” – um formato que combinava a orquestra francesa, o brilho dramático italiano, e textos extraídos da literatura popular da época. Esses elementos continuam a dominar as óperas até os dias atuais.
Concertos de piano e recitais também se tornaram populares. A habilidade de se viajar através de trens e barcos a vapor criou audiências internacionais. Recitais incluíam sonatas e trabalhos mais curtos. Esses concertos se tornaram eventos em si só.
Avanços nos instrumentos dessa época contribuíram para o crescimento de um expressionismo. Esses desenvolvimentos incluíram instrumentos de sopro com válvulas, apoios de queixo para violinos e violas, além da introdução de novas tecnologias nos pianos.
Música Clássica do Século 20: 1900-2000
Como essa era possui um período de tempo tão vasto, a classificação musical logicamente contém uma variedade de estilos musicais e compositores, incluindo o final do período Romântico (Sergei Rachmaninoff), em seguida, o Impressionismo (Claude Debussy), o Neoclassicismo (Maurice Ravel), o Minimalismo (Steve Reich e Philip Glass), a música eletrônica (Karlheinz Stockhausen) e o Poli-Estilismo (Alfred Schnittke), entre outros. Compositores como George Gershwin e Leonard Berstein tiveram influências do jazz. Entretanto, o elemento unificador de todos esses estilos é um uso de dissonâncias durante a composição musical.
Um desenvolvimento interessante neste segmento da música clássica é a divergência entre os artistas mais tradicionais e os da vanguarda. Artistas reconhecidos em um gênero normalmente não têm respeito com relação aos compositores do outro. Entretanto, na medida em que o tempo progrediu, as fronteiras entre os dois se tornaram mais flexíveis.
Compositores do Século 20 que possuem uma influência mais tradicional incluem Gustav Mahler, Richard Strauss, Arnold Shoenberg, Igor Stravinsky, e Aaron Copland. Compositores mais de vanguarda incluem Anton Webern, Elliot Carter, Edgard Varese, e Milton Babbit.
Durante esse período, alguns desenvolvimentos interessantes resultaram dos avanços tecnológicos do século 20 que introduziram uma série de instrumentos eletrônicos. Alguns compositores simplesmente integraram esses instrumentos em trabalhos convencionais. Outros compositores criaram trabalhos musicais que exclusivamente utilizavam instrumentos eletrônicos e seus efeitos. Alguns dos trabalhos mais famosos nesse âmbito incluem “Film Music” de Vladimir Ussachevsky, “A Rainbow in Curved Air” e “Shri Camel” de Terry Riley, “Silver Apples” de Morton Subotnick, e “Light Over Water” de John Adams.
Música Clássica Contemporânea: 1975-Presente
Esse gênero se refere às evoluções recentes na música clássica que são de vanguarda e modernas em sua natureza. Isso inclui Modernismo, Serialismo, Pós-Modernismo, Experimentalismo, Música Eletrônica, Neo-Romântico, New Simplicity, New Complexity, e Espectral Music.
Modernismo é uma força continua na música clássica atual. A fim de explorar esse formato musical que incorpora uma despreocupação com a tonalidade, uma pessoa deve revisar os trabalhos de Elliot Carter, Lukas Foss, Alexander Goehr, Judith Weir, Thomas Ades, Magnus Lindberg, e Gunther Schüller.
Compositores como Pierre Boulez, Milton Babbit e Charles Wuorinen são os lideres desse gênero conhecido como Serialismo. Composições são baseadas em grupos organizados, ou vários desses grupos. Esse padrão também é conhecido como uma técnica de doze tons. Tal gênero é considerado um dos movimentos mais importantes após a Segunda Guerra Mundial.
O Pós-Modernismo é um termo amplo que cobre vários sub-gêneros do desenvolvimento musical desse período. Entre eles, está o Poli-Estilismo que incorpora diversos tipos de estilo cujos compositores incluem William Bolcom e John Zorn. Conceitualismo também cai nessa categoria e como exemplo desse formato pode-se listar “56 Blows” de Alvin Singleton. Minimalismo ainda possui um papel bastante proeminente em composições novas e pode ser visto em “On the Transmigration of Souls” de John Adams que consiste em um trabalho de coral comemorando as vítimas do atentado sobre as Torres Gêmeas.
Música Experimental é um importante movimento musical contemporâneo que explora as diversas possibilidades de expressão hoje permitidas aos instrumentalistas. Os trabalhos de George Crumb e The Kronos Quartet são exemplos desse estilo que tenta expandir os limites dos instrumentos e os sons por eles produzidos.
Existe um grande número de festivais dedicados a celebração da música contemporânea, incluindo a Semana Musical da Fundação Gaudeamus em Amsterdã, o Outono de Warsaw na Polônia, o Festival de Música Contemporânea de Huddersfield, e o Festival de Músicas Novas de Winnipeg.
—————