nildo neto do zota educador musical
Vigia a Arte e sua Cultura
06-08-2011 09:35
Essa histórica cidade fundada em seis de janeiro de 1916, pela mesma missão portuguesa que fundou a capital paraense Belém, Vigia é uma cidade com diversificadas histórias: foi em Vigia que os cabanos liquidaram todas as autoridades, num tiroteio, em junho de 1835, na casa do Juiz de Paz. O prédio, o Trem de Guerra, ainda conserva alinhas originais e abriga hoje o Poder Legislativo Municipal.
Quando Francisco Caldeira Castelo Branco entrou no continente, por um furo que interliga a Baia do Marajó à Baia do Sol, em busca de um lugar seguro para consolidar os domínios portugueses, entrou nas margens do Guajará-Miri os índios Uruitá.O lugar foi ocupado por colonos, religiosos e militares portugueses.Os domínios da coroa portuguesa foram garantidos por um posto alfandegário e militar, uma vigia. Daí o nome do município, hoje Vigia de Nazaré.
A chegada dos Jesuítas que se estabeleceram em Vigia com fazendas, missões e o segundo colégio da Ordem na Província, o da “Madre de Deus”. O projeto dos jesuítas foi interrompido em 1759. Foram expulsos por Marquês de Pombal. Mas deixaram símbolos muito fortes: a igreja da Mãe de Deus e a Capela dos Passos (Igreja de Pedra).
A história de Vigia no final do século XVII era um importante entreposto entre São Luís e Belém e concorria com a capital em termos populacionais. Foi elevada a condição de Vila em 1693. Produziu anil, algodão, sabão e exportou café, foi em Vigia que Francisco Melo Palheta plantou a primeira fazenda de Café do Pará.
Essa história da Vigia foi amplamente documentada pelo seu filho mais ilustre no passado: Domingos Antônio Raiol, o Barão de Guajará advogado, escritor, historiador, Político de confiança do Império, ocupou cargo de governador das províncias do Grão-Pará, São Paulo, Ceara e Alagoas.
Já a atividade cultural intensa no passado rendeu-lhe a denominação de “Atenas Paraense”. O município foi um dos primeiros a implantar o ensino secular no interior do Pará. O culto à literatura, entretanto, vinha de longe, desde o final do século XIX, quando se criou, em 1895, na capital, com a participação de vários vigienses, “Mina Literária”, entidade que deu origem à Academia Paraense de Letras, cujo primeiro presidente foi o vigilengo Domingos Antônio Raiol. A mais antiga publicação jornalística do interior do Pará era Vigia ”O Vigiense” (1852); depois saiu “O Vigilante” (1876),órgão do Partido Liberal, “0 Cinco de Agosto” (1938), editado pela Sociedade Literária e Beneficente 5 de Agosto, que acumulou uma rica biblioteca.
A música com o brilhantismo de suas bandas de música que só aparecem nos registro em 14 de março de 1836, pelo comandante militar da Vigia e Distritos na época da Cabanagem com uma tropa de 766 homens, sendo que no batalhão de infantaria havia uma banda de música composta por dez músicos e um regente, depois dessa data aparece duas bandas civis, a 07 de setembro e sebo de Holanda, essa com uma curiosidade formação de meninos brancos, ambas se acabaram com o tempo e não havendo outros registros.
Em 1876, o monsenhor, Mâncio Caetano Ribeiro tomou a iniciativa de reunir os músicos remanescentes das duas bandas extintas e formou a banda 31 de agosto nome sugerido pelo Dr. Francisco de Moura Palha em homenagem à data da adesão da Vigia à independência do Brasil e em 31 de agosto de 1881 foi inaugurada oficialmente pelo professor Francisco de Moura Palha.
A banda 31 de Agosto teve a sua primeira rival a banda 25 de novembro, fundada em 1883, logo, desaparecido ficando nenhum registro em Vigia. Em 1016 teve o surgimento da “Banda União Vigiense”.No decorrer de sua história de suas bandas existiram cinco bandas: duas na cidade e três nos seus distritos, até o ano de 1961 o município de colares se desmembrou do município de Vigia e com isso as bandas foram divididas três em Vigia e duas para o Município de Colares tornando-se autônomo em 20 de dezembro do mesmo ano, a sua história, como a história de suas bandas de música, não deixa de se ligar ao movimento musical da Vigia.
Colares, não obstante a escassa população, com pouco mais de mil habitantes em sua sede municipal sempre contou com duas bandas de música, tal como o distrito de Porto Salvo havia outrora duas bandas rivais a “7 de setembro” e a “Arcádia”. “Ambas desapareceram dando lugar a uma terceira banda a 25 de Dezembro” fundado em 1968. “ Ao ser desmembrado da Vigia, Colares também absorveu o distrito de Mocajatuba e assim mantêm hoje duas tradicionais bandas de música: a “Lira Nova”, de Mocajatuba, fundada em 15 de novembro de 1922 e a banda” Prof. Luís Gama” na sede municipal, fundada em 30 de junho de1948.
A vocação artístico-cultural da população de Vigia estimulou o surgimento do cinema, o Cine Brasil, aberto na década de 30 do século XX, com uma plateia de 700 lugares. O ícone mais forte da história religiosa de Vigia é o Círio de Nossa senhora de Nazaré, manifestação de fé renovada todo ano, desde o século XVII.
A primeira notícias de romarias no Pará, é de 1697, na Vigia.
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